Seria a metade da sua laranja? Escute as suas vísceras
Publicado em 2015-02-09 na categoria SexMundi / Curiosidades


Um estudo de psicologia experimental revela que só as tripas dizem a verdade sobre os nossos sentimentos em relação ao nosso parceiro. "Os recém-casados conhecem de forma inconsciente se o seu casamento será ou não bem-sucedido", disse o responsável pelo estudo.

Os sentimentos espontâneos, viscerais e mais inconscientes que temos com os nossos novos parceiros tendem a ser certeiros, e isso pode ser comprovado na vida real quatro anos depois. De facto, eles são sempre mais bem-sucedidos que os outros sentimentos, os que tomamos com plena consciência e admitimos abertamente na primeira oportunidade. São os resultados de um estudo de psicologia experimental que três universidades estado-unidenses têm feito com 135 casais durante os últimos quatro anos, e sólido o suficiente para ser apresentado na revista Science.

O responsável pela investigação, o psicólogo James McNulty da Universidade Estatal de Flórida, talvez seja o primeiro cientista que titulou um artigo técnico com um Twitter: “Embora não se conheçam, os recém-casados sabem, implicitamente, se o seu casamento será bem-sucedido”. Directo ao ponto e claro como o cristal.

A tradição da psicologia tem sustentado há décadas que os processos automáticos da mente produzem efeitos sociais, mas a teoria não tinha suporte empírico e começou a ser questionada. O experimento de McNulty e os seus colegas contribui exactamente com as evidências que faltavam.

Os psicólogos estudaram 135 casais heterossexuais recém-casados, e, durante quatro anos após o matrimónio, fizeram uma espécie de exame a cada seis meses. A cada vez perguntaram — obviamente, à cada membro do casal por separado — sobre os seus sentimentos explícitos em relação ao conjugue. Mas também mediram, com os truques típicos da psicologia experimental, as suas sensações viscerais sobre o seu parceiro, a categoria de sentimento que não se revela filtrada e nem metabolizada pela razão, mas surge virgem e brutal das camadas mais profundas do nosso cérebro.

Por exemplo, os pesquisadores mostram ao sujeito uma foto do sua conjugue durante menos de um terço de segundo, seguida rapidamente por uma palavra como “imponente” ou “genial”, ou por uma como “horrível” ou “espantoso”. O sujeito tem que dizer (pressionando uma tecla) se a imagem vai bem com a palavra ou não. Os psicólogos experimentais têm bem documentado que, nessas condições, o tempo de reação delata as sensações viscerais, ou sentimentos automáticos, do voluntário.

Se o sujeito realmente sente que o seu conjugue é “imponente”, aperta a tecla à velocidade da luz. Porém, essa velocidade não se repete no caso contrário. São técnicas clássicas dos psicólogos para mergulhar nas nossas profundezas, naquelas sensações que não queremos confessar nem a nós mesmos.

O resultado passou por todos os filtros estatísticos e está mais claro que água: se quiser saber o que vai ser da sua vida de casado dentro de alguns anos, o melhor que pode fazer é conhecer as suas vísceras. Os sentimentos plenamente conscientes, ou explícitos, falham muito. Pode ser uma ilusão ou um engano literal — só para os demais —, mas em qualquer caso não dão em nada. Só as tripas dizem a verdade, ou predizem o futuro. Triste resultado para os nossos lóbulos frontais.

“Não estou seguro de que os nossos lóbulos frontais sejam alheios às nossas atitudes automáticas”, diz McNulty ao EL PAÍS, “mas o que posso dizer é que, às vezes, os nossos sentimentos viscerais (gut-level feelings) podem ser mais certeiros que nossos pensamentos mais deliberativos”.

Sobre o título do seu estudo, McNulty comenta, sem falsa modéstia, ou sem nenhum pudor: “Os títulos inteligentes estão a tornar-se norma enaminha disciplina, a psicologia social”.

 
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